No dia-a-dia, é comum que estejamos preocupadas (os) com os afazeres obrigatórios. Muitas de nós ficamos preocupadas com filhos (as), casa, marido/esposa, trabalho, saúde, gastos financeiros, etc. Tendo isto somado ao cenário pandêmico, surge o combo:
Ansiedade e pânico.
E então, os sintomas psicossomáticos começam a surgir, como: Dores de cabeça, alergias dermatológicas, respiratórias ou capilares, dores estomacais, tensão muscular, episódios de insônia. E ainda, os sentimentos angustiantes como, a sensação de impotência, o desespero, a desesperança, a tristeza profunda…
Porém, é perfeitamente compreensível que tenhamos esses sentimentos afinal, estávamos começando um novo ano cheio de planos, projetos, possíveis realizações até que ouvimos os noticiários dizendo “Fechem tudo! Não saia de casa, cuidado com as crianças e idosos!” e tudo entrou em modo de suspensão.
E agora? O que fazer quando eu me encontro nesta situação? A quem falar ou recorrer? Visto que os hospitais estão lotados e eu corro risco me expondo junto aos outros doentes. Será que estou depressiva, será que devo me medicar com remédios controlados?
Ora, é importante destacarmos que nem todos os problemas psicológicos poderão ser qualificados como doença, visto que, a maioria está classificada como reações normais diante de uma situação atípica/anormal em nossas vidas. Estima-se, que entre um terço e metade da população exposta a uma epidemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados.
E quais são esses cuidados que precisamos ter?
Primeiramente, é importante reconhecer e acolher seus medos, pois eles também fazem parte da existência e precisamos senti-los. Procure uma pessoa de confiança para conversar e obter um apoio;
Se você está preocupada (o) por não oferecer um aporte financeiro à sua família e isso está tirando seu sono, tente reenquadrar os planos e estratégias de vida e, principalmente, se isentando da culpa. Se possível, projete planos de forma adaptada às suas condições, associadas ao cuidado da saúde na pandemia;
Mantenha ativa a sua rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, com familiares, amigos e colegas. Assim, compartilhamos estratégias de cuidado e solidariedade, e consequentemente, obtemos uma sensação de pertença e conforto social;
Reduza o tempo que passa assistindo ou ouvindo o noticiário, e planeje uma rotina adaptável a sua realidade de vida.
Caso a reação psicossocial esperada a esse cenário pandêmico como falamos acima, está se tornando sintomática (prejudicial à sua vida), tente observar se os sintomas estão persistentes ou intensos. Por exemplo: se há conteúdo de pensamento suicida, se o comprometimento social, familiar ou trabalho estão intensamente prejudicados, se há consumo excessivo de álcool e drogas etc.
Se sim, busque um profissional de saúde para te ajudar a obter uma estabilização emocional e a enfrentar este momento da melhor forma possível, até que possamos voltar a conviver em uma sociedade mais habitável para nossas vidas.
Psicóloga Larissa Urbano de Carvalho – CRP: 05/53753
Referências Bibliográficas
BRASIL, Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Saúde mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19- recomendações gerais. Brasília, 2020.
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