A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado por impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual, social e por esforços do indivíduo para alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive.
Quando essa expectativa não é atendida, pode revelar a fragilidade do adolescente em relação a essas mudanças, trazendo consigo um sentimento de frustração e não pertencimento, e com isso o desejo de morte para aliviar a dor instalada e não elaborada.
A ideação suicida e o desejo de morte podem variar, mas sofre sempre a influência de pressões e estressores ambientais, o que acentua a importância da necessidade de atenção para a existência de possíveis fatores de risco cognitivos para uma primeira tentativa ou para uma recorrência do comportamento suicida (Shaffer & Piacentini, 1994).
É preciso estar atento, não negligenciando alguns sinais.
Os pais precisam estar alertas, não podem minimizar quando os filhos dizem que podem ou desejam se matar, acreditando na máxima de “quem fala, não faz”.
As pessoas sob risco de suicídio também costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, ouvem músicas tristes; que falam sobre morte; abusam de álcool e outras drogas; pesquisam sobre fármacos e métodos de suicídios; presença de lesões ou cicatrizes oriundas de automutilação; alteração de humor, ansiedade, agitação; confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro.
Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenho, além do isolamento social, ficando em casa fechado no quarto, interagindo menos nas redes sociais ou reproduzindo frases, fotos mórbidas e sombrias nas redes, reduzindo ou cancelando atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam ir e gostavam, apresentam apatia e falta de motivação.
Expressão de ideias ou de intenções suicidas
Fiquem atentos para os comentários abaixo. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados):
“Vou desaparecer.” “Vou deixar vocês em paz.” “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.” “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
Diante de uma pessoa sob risco de suicídio, o que se deve fazer?
Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio.
Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento.
Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa.
Se a pessoa com quem você está preocupado(a) vive com você, assegure-se de que ele(a) não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.
Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.
Saber o que não dizer também é muito importante para não piorar a situação.
Não condene: “Isso é covardia”., “É loucura”., “É fraqueza”.
Não banalize: “É por isso que quer morrer? Já passei por coisas bem piores e não me matei”.
Não opine: “Você quer chamar a atenção”., “e falta Deus”., “Isso é falta de vergonha na cara”.
Não dê sermão: “Tantas pessoas com problemas mais sérios que o seu, siga em frente”.
Evite frases de incentivo: “Levanta a cabeça, deixa disso”., “Pense positivo”., “A vida é boa”.
Na dúvida procure ajuda.
Por Mariluce Souza – Psicóloga da Clínica Só Crianças.
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